Os bondes do início do século XX em Campo Grande - Foto: Arquivo geral da cidade.
No passado, a atual Zona Oeste do Rio de Janeiro foi frequentada pela Corte portuguesa, sendo uma região de cana de açúcar, fazendas de café, dos laranjais, começando a se industrializar por volta dos anos 1960.
A região já foi conhecida como Sertão Carioca e Zona Rural, até ser chamada de Zona Oeste, como é atualmente, com destaques para alguns bairros, como Campo Grande, Santa Cruz, Guaratiba, Bangu e outros.
Os padres Jesuítas deram origem a uma série de fazendas que se estendiam do Engenho Velho a Itaguaí, sendo que a Real Fazenda de Santa Cruz foi a que mais se destacou. A mata intensa, as serras e relevo em geral, além das cachoeiras tornavam o percurso até o local muito difícil e ao mesmo tempo admirável, chamando a atenção da inglesa Maria Graham, preceptora, função de cuidar da formação e educação de Maria da Glória, filha de Leopoldina e D. Pedro I. A mesma encantou-se com a paisagem, chegando a declarar, segundo fontes, que o trecho entre Senador Camará e o Rio da Prata era um dos mais bonitos que tinha visto, deixando, inclusive, um desenho, no qual deixa registrado toda sua admiração.
A região começou a ser ocupada de forma mais urbana a partir da abertura da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 1858. Logo depois vieram os bondes, primeiro puxados a burro, depois os elétricos. Enquanto isso, com uma grande mão de obra escrava, as fazendas produziam farinha, anil, arroz, açúcar, frutas e verduras, com parte dessa produção ajudando a abastecer a cidade.
Com o fim dos cafezais, surgiu o período áureo da laranja 🍊, que dominou o cenário de boa parte dos bairros da então Zona Rural entre as décadas de 1920 e 1940.
Até aproximadamente os 1960, a região ainda era chamada de Sertão Carioca, incomodando os comerciantes e famílias locais, devido à associação com o nordeste brasileiro, Lampião, cangaceiros, violência e outros atributos pejorativos. Assim, um grupo de moradores decidiu mudar o nome da localidade, usando a própria localização geográfica, e patrocinando um curta metragem sobre a área, denominado de "Zona Oeste ". Sob texto de Moacyr Bastos, o filme continha depoimentos de Burle Marx, do jogador de basquete Algodão, de músicos, e de outros, sendo exibido durante três meses nos cinemas da região, criando uma espécie de sentimento de pertencimento da população com o local, a Zona Oeste.
Imagem e fonte: Zona Oeste, uma história de sucesso. Lúcia Rito. Ano: 2002.
Texto adaptado da fonte citada acima.