NAS RUAS, O NÓ DE CAMPO GRANDE
Congestionamentos afligem moradores; bairro tem 66 mil carros, a terceira maior frota de veículos particulares do Rio
"Qual o principal problema de Campo Grande atualmente? Se fosse feita uma pesquisa com os moradores para descobrir o que mais aflige a população, com certeza uma das respostas mais ouvidas seria: os engarrafamentos. Os principais pontos de congestionamentos ficam nas estradas da Capoeira e Rio do A, no acesso ao Viaduto Prefeito Alim Pedro e na Estrada da Caroba. Campo Grande, hoje, tem a terceira maior frota de veículos particulares do Rio de Janeiro, com 66 mil carros, segundo levantamento feito pelo engenheiro de transportes e professor da UFRJ Fernando Macdowell.
Leila Cardoso, proprietária da loja de roupas Stravaganza, e que mora em Campo Grande já mais de 30 anos acha que a estrutura das ruas não acompanhou o crescimento do bairro:
- O pior local fica nas proximidades do West Shopping. Passar de um lado para o outro da linha férrea em determinados horários é um sacrifício, o que acaba até mesmo separando Campo Grande em dois..."
A reportagem acima, do O Globo/Extra, caderno Zona Oeste, retrata exatamente os problemas atuais do bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Só que tem um detalhe: a matéria é de 20 de abril de 2008! Ou seja, depois de vários anos, a população do bairro continua convivendo com problemas tipicamente urbanos, com um crescente aumento de frota de veículos, influenciando, inclusive, no aumento de outro ponto: o de estacionamentos, numa crescente no bairro muito relevante, principalmente no centro e áreas adjacentes, com ruas apresentando, num raio de aproximadamente 1 KM, cerca de 5 a 10 "guarda-carros", além daqueles que se encontram nos encostos das ruas.
A reportagem aponta também que, mesmo após a criação de um novo viaduto, em 1997, ligando dois pontos da Avenida Cesário de Melo à Estrada da Caroba, os engarrafamentos continuam constantes.
E assim se tornou ou está se tornando o bairro de Campo Grande: uma ex área rural, mas que ainda conserva bolsões agrícolas; um subúrbio com uma linha férrea o cortando e literalmente dividindo o bairro em dois lados (com os moradores dizendo "eu moro do lado de cá de Campo Grande", "a loja tal fica do lado de lá de Campo Grande"); uma região urbana em expansão com três shoppings, dois viadutos, dois Guanabaras, prédios comerciais, expansão imobiliária, teatro, Lona Cultural, várias agências bancárias, McDonalds espalhados pela localidade, intenso comércio e serviços, Distrito Industrial e um centro comercial (com a população que mora mais afastada desse centro dizendo: "Vou lá em Campo Grande", mesmo morando no bairro).
E o bairro continua sua evolução, involução ou (re)volução, seguindo seu caminho, muitas vezes indefinido como uma infinita Highway:
"Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar. Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir".
Fonte consultada: Jornal O Globo/Extra - Caderno Zona Oeste. 20 de abril de 2008.
Trecho da canção citado: Infinita highway, Humberto Gessinger - Engenheiros do Hawaii.