sexta-feira, 26 de junho de 2020

"Nas ruas, o nó de Campo Grande"

  NAS RUAS, O NÓ DE CAMPO GRANDE 

  Congestionamentos afligem moradores; bairro tem 66 mil carros, a terceira maior frota de veículos particulares do Rio

    "Qual o principal problema de Campo Grande atualmente? Se fosse feita uma pesquisa com os moradores para descobrir o que mais aflige a população, com certeza uma das respostas mais ouvidas seria: os engarrafamentos. Os principais pontos de congestionamentos ficam nas estradas da Capoeira e Rio do A, no acesso ao Viaduto Prefeito Alim Pedro e na Estrada da Caroba. Campo Grande, hoje, tem a terceira maior frota de veículos particulares do Rio de Janeiro, com 66 mil carros, segundo levantamento feito pelo engenheiro de transportes e professor da UFRJ Fernando Macdowell.
     Leila Cardoso, proprietária da loja de roupas Stravaganza, e que mora em Campo Grande já mais de 30 anos acha que a estrutura das ruas não acompanhou o crescimento do bairro:
     - O pior local fica nas proximidades do West Shopping. Passar de um lado para o outro da linha férrea em determinados horários é um sacrifício, o que acaba até mesmo separando Campo Grande em dois..."

     A reportagem acima, do O Globo/Extra, caderno Zona Oeste, retrata exatamente os problemas atuais do bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Só que tem um detalhe: a matéria é de 20 de abril de 2008! Ou seja, depois de vários anos, a população do bairro continua convivendo com problemas tipicamente urbanos, com um crescente aumento de frota de veículos, influenciando, inclusive, no aumento de outro ponto: o de estacionamentos, numa crescente no bairro muito relevante, principalmente no centro e áreas adjacentes, com ruas apresentando, num raio de aproximadamente 1 KM, cerca de 5 a 10 "guarda-carros", além daqueles que se encontram nos encostos das ruas.
     A reportagem aponta também que, mesmo após a criação de um novo viaduto, em 1997, ligando dois pontos da Avenida Cesário de Melo à Estrada da Caroba, os engarrafamentos continuam constantes.
     E assim se tornou ou está se tornando o bairro de Campo Grande: uma ex área rural, mas que ainda conserva bolsões agrícolas; um subúrbio com uma linha férrea o cortando e literalmente dividindo o bairro em dois lados (com os moradores dizendo "eu moro do lado de cá de Campo Grande", "a loja tal fica do lado de lá de Campo Grande"); uma região urbana em expansão com três shoppings, dois viadutos, dois Guanabaras, prédios comerciais, expansão imobiliária, teatro, Lona Cultural, várias agências bancárias, McDonalds espalhados pela localidade, intenso comércio e serviços, Distrito Industrial e um centro comercial (com a população que mora mais afastada desse centro dizendo: "Vou lá em Campo Grande", mesmo morando no bairro).
     E o bairro continua sua evolução, involução ou (re)volução, seguindo seu caminho, muitas vezes indefinido como uma infinita Highway:
     "Estamos sós e nenhum de nós sabe exatamente onde vai parar. Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir".
     
Fonte consultada: Jornal O Globo/Extra - Caderno Zona Oeste. 20 de abril de 2008.
Trecho da canção citado: Infinita highway, Humberto Gessinger - Engenheiros do Hawaii. 

segunda-feira, 15 de junho de 2020

A voz de Campo Grande

 


    Há um ano, o Jornal Zona Oeste, do Extra, noticiava o talento de uma aluna do colégio municipal Castro Rebello, entre Campo Grande e Cosmos. Isabel Cristina, aluna do professor Carlos Eduardo de Souza, se destacou nas oficinas de música promovidas pelo professor, principalmente ao interpretar a música "Garganta", da cantora Ana Carolina. 
     Abaixo a matéria completa:

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Corpus Christi, Santa Juliana e o bairro de Campo Grande




   O Corpus Christi é uma data muito aguardada pelos católicos, pois é considerada a homenagem ao sacramento da Eucaristia, o corpo e sangue de Cristo. Para os católicos não praticantes (se é que essa definição possa existir) trata-se de uma respeitada tradição; e para o restante, mais um belo feriado para ser aproveitado.
    Ocorrendo numa quinta-feira (referência à quinta-feira da semana santa, quando Jesus fez a última ceia e instituiu a Eucaristia), podendo ser entre maio e junho, sempre após a festa da Santíssima Trindade, 60 dias após a Páscoa, o dia de Corpus Christi é lembrado também por fiéis que decoram as ruas com os tradicionais tapetes de Corpus Christi, sendo muito comuns em várias cidades do Brasil, confeccionados com serragens, borra de café, areia, flores, entre outros, representando cenas bíblicas, objetos devocionais, figura de Cristo, do pão e do cálice.
     A origem remonta ao século XIII, quando o Papa Urbano IV, após receber uma confidência (antes de tornar-se Papa) de Juliana de Mont Cornillon, instituiu a solenidade do Corpus Christi.  Santa Juliana (à época Juliana de Mont Cornillon) passara a ter visões que solicitavam à igreja uma festa na qual os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento. 
     Devido a isso, pode-se atribuir a existência da celebração de Corpus Christi à iniciativa de Santa Juliana.
     No bairro de Campo Grande encontra-se uma rua denominada Santa Juliana, próxima à localidade São Basílio. Até aí, nada demais. Porém, colada à essa rua, localiza-se a rua São Basílio. Segundo a tradição, há muitos séculos, um dos monges de São Basílio, que duvidava da presença do Cristo na Eucaristia, espantou-se quando a hóstia consagrada se transformou em carne, e o vinho, também consagrado, em sangue.
     Assim, uma rua leva o nome da santa que deu a ideia de celebrar a festa em que o corpo de Cristo sai às ruas; enquanto a rua ao lado leva o nome de um santo que possuiu um monge que duvidou da presença do Cristo na Eucaristia. Coincidência?
     E nesse mesmo local encontram-se ainda outras ruas, umas "ao lado" das outras, com nomes de santos. São as ruas São Gervásio, Santo Irineu e São Cirilo. Quer mais coincidência? Os três santos são do mês de junho, o qual Corpus Christi mais ocorre: São Gervásio, dia 19; Santo Irineu, 28; e São Cirilo, 09 (sendo que este último possui outra data da Igreja Católica em outro mês).
      É o mistério da Eucaristia.





terça-feira, 2 de junho de 2020

O futebol de rua de ontem e de hoje

   Luís Fernando Veríssimo, em sua crônica "Futebol de rua", define muito bem o que significa esse "tipo de esporte" muito praticado através dos tempos. Como o próprio autor diz, existe o futebol profissional; a "pelada", que é o futebol praticado em campinho ou terreno baldio; e existe o futebol de rua, mais simples que a própria pelada.
     E eu pratiquei muito esse "esporte radical", o qual tem suas regras próprias (em muitos casos ausência de regras mesmo). Por exemplo: os gols podem ser  representados com chinelos, tijolos, mochila, roupa embolada ou qualquer outra coisa que marque onde a bola vai passar (em casos mais modernos pequenas traves de madeira ou de ferro. Mas em casos raros!). Se não tiver bola, qualquer outra coisa esférica serve (ou nem tão esférica assim).
     No futebol de rua, o primo pobre da pelada, tem até gandula. Os que ficam esperando a próxima partida para jogarem são "acionados" para ficarem pegando a bola quando for preciso. No meu caso, os "próximas", como a gente chamava quem ficava aguardando, tinham mais trabalho, pois o nosso futebol de rua era praticado numa rua que ficava no alto, a Taufik Dib, no simpático local chamado Corcundinha,  no bairro de Campo Grande, onde morei com minha família por 27 anos. Nessa pequena elevação (não sei se o nome Corcundinha é mera coincidência) qualquer chute mais forte em direção ao gol, se o "próxima" não tivesse atento, a bola ia parar lá embaixo. Aproveitando a geografia do lugar, marcávamos os famosos "time contra", quando jogávamos contra  o "time de baixo" de um lado do morro, e o "time de baixo" da outra descida. E quando dois jogadores de times opostos chutavam juntos a bola e a mesma ia pra lateral? Ah, aí era fácil: "Bola estourada é da defesa!". Não podemos esquecer dos uniformes. No futebol de rua mais sofisticado, até existe algumas camisas de times. Mas nos mais tradicionais, é "time de camisa contra time sem camisa".
     A falta? Só se machucar o adversário, e mesmo assim se pede a falta com voz de brabo. Quem intimidar mais decide sobre a infração. O tempo pode ser "dez minutos ou dois gols", ou até a mãe de alguém arrastar um pra casa e um time ficar com menos um.
     E o grande problema é a reposição do tempo, pois  constantemente  a partida é paralisada para os automóveis e pedestres passarem (no caso de pedestres, só para os mais idosos. Os outros a gente pede pra subirem a calçada). 
     É comum também os inúmeros machucados no dedão do pé, pois a pelota rola no asfalto ou em terra batida, com os jogadores sempre descalços.
      Dentro do futebol de rua também já pratiquei "Futebol de calçada", fazendo muro do vizinho de gol, e até "torneios", no "um contra um", com o goleiro neutro.
     Com o passar do tempo, com o advento dos condomínios fechados e praças públicas, o clássico futebol de rua foi diminuindo (em alguns lugares quase desaparecendo), assim como a bola de gude, a "bandeirinha", o "queimado", entre outros.
     Mas, se organizássemos  um futebol de rua hoje, como seria a divisão dos times? Poderia ser "time de direita e time de esquerda?". Ah, será que poderia ser "time com máscara e sem máscara?". Quem sabe? Seria o futebol de rua moderno. 

Ilustração: Elder Veríssimo