sábado, 24 de agosto de 2024

História do bairro de Santíssimo

 

Localizado no meio do Parque Estadual da Pedra Branca, entre a Serra do Lameirão e a Avenida Brasil, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, encontra-se o bairro de Santíssimo. Pertencente à Região Administrativa de Campo Grande, criado por um decreto em 1981, a região tem, na verdade, seu início atrelado a séculos anteriores. 

Na verdade, o bairro pode ser considerado o mais antigo da Zona Oeste, levando em conta que o próprio possui uma data de criação, em 3 de dezembro de 1750. Essa criação de "Santíssimo " é lembrada por Monsenhor Pizarro, ao citar fatos de grande relevância que ocorreram na capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, erigida por Manoel Antunes Suzano, na Fazenda do Lameirão.
Nessas terras situadas nas proximidades da igreja, nasceu o bairro. A igreja guardava em sacrário o Santíssimo Sacramento. Daí o nome "Santíssimo ". Em 03 de dezembro de 1750, a Capela de Nossa Senhora da Conceição, situada no Lameirão, servia de igreja matriz do ainda curato de Campo Grande, sendo elevada à Freguesia em 1755. Mais tarde a matriz de Campo Grande foi "transferida " para o atual local, onde localiza-se a igreja de Nossa Senhora do Desterro, centro de Campo Grande. 
Abaixo, um registro de terras de Santíssimo, dos proprietários (Fl. 44 do Livro de Registro das Terras Paroquiais).
    "Nossa Senhora é Senhora, é possuidora de sessenta braças de terras com quarenta de largo  no lugar denominado Santíssimo, que as houve por Escritura de doação que lhe fez o Capitão Francisco Telles Barreto  em 1716..."


Imagem: Terras Realengas, de José Nazareth de Souza Fróes  - 2004.

À época, Santíssimo era um importante ponto de passagem para aqueles que se destinavam à Fazenda de Santa Cruz, Itaguaí e litoral da Baixada de Sepetiba, além para as províncias de São Paulo e Minas Gerais, com os viajantes desfrutando de uma venda e um barracão de pouso.
Em 1890, nasceu em Santíssimo, Oscar Clemente Marques, que foi proprietário de uma farmácia localizada próxima à estação. Formado em medicina, ficou conhecido por prestar atendimento médico e fornecer medicamentos grátis a todos os que procuravam.
Em 23 de novembro de 1890, é inaugurada a estação ferroviária de Santíssimo, à época denominada estação "Coqueiro", nome de uma fazenda local. Mais tarde foi rebatizada como Estação Santíssimo. 
Atualmente, o bairro faz limite com Senador Vasconcelos, Senador Camará, Bangu e Campo Grande, sendo cortado por duas grandes avenidas: Avenida Santa Cruz (antigo caminho imperial de Santa Cruz) e a Avenida Brasil, a mais importante da cidade. No bairro também localiza-se a famosa Estrada da Posse, mencionada num grande hit de funk nos anos 1990, no rap dos MCs Coiote e Raposão, a até hoje conhecida "É que eu moro na estrada da Posse...". Além delas, destacam-se as estradas dos Coqueiros e de Sete Riachos.
Com uma população de aproximadamente 42 mil habitantes, Santíssimo hoje é uma espécie de bairro satélite de Campo Grande, sendo uma região de passagem na Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

Fonte consultada: Fróes, José Nazareth de Souza, 1928 - Terras Realengas. Rio de Janeiro  - 2004.

sábado, 17 de agosto de 2024

Jogador do Campo Grande Campeão mundial pela seleção

 


Em 1983, o Brasil sagrou-se campeão mundial sub 20, à época chamado de campeonato mundial Júnior (ou campeonato mundial de juniores). A equipe venceu a rival Argentina na final por 1x0, com gol de Geovani, então jogador do Vasco da Gama. 
E o Campo Grande, clube da Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi representando nessa competição. No elenco um jogador do clube, formado nas categorias de base do Campusca: Demétrio, o último abaixado à esquerda da imagem.
Demétrio  nasceu no Rio de Janeiro em 28 de novembro de 1963, começando a jogar no Campo Grande aos 9 anos. Com 15 já estava no time profissional. Na sua carreira, passou por Botafogo, America RJ, Operário MS, entre outros brasileiros, além de jogar na Espanha. 
Porém, foi no ano de 1983 que o jogador do Galo da Zona Oeste ficou marcado, ganhando pela seleção o título mundial sub 20, além do Sul americano da categoria também, representando o bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro. 

Fonte consultada: terceirotempo.uol.com.br

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

"Causos" de minha avó

 


"CAUSOS" DE MINHA AVÓ


Ah, que saudade de sentar e ouvir minha saudosa avó Julia contar seus "causos "! Mesmo assustadores, aqueles contos me atraiam como um ímã, me despertando, ao mesmo tempo, medo e fascínio. 

    Adorava ouvir aquelas histórias que, sendo verdade ou não, me introduziam para um cenário bem real, principalmente porque a narração de minha avó materna era de um roteiro impecável. 

    E as histórias eram diversificadas. Tinham as tradicionais sobre Lobisomem, em suas noites de lua cheia; as de Mula sem cabeça, a famosa "mulher do padre"; o Saci-pererê,  que me contavam (não só minha avó) que assoviava e perturbava os cavalos; entre outros relevantes personagens que permeavam o imaginário (ou realidade) dos "mais antigos ". Tinha até um ser que minha avó chamava de "Mão Pelada", o qual ela falava que ocasionalmente visitava nosso quintal, que só mais tarde soube que era um animal de verdade (mas nunca soube se ele realmente algum dia esteve em nossa casa).

    Entre tantos "causos", lembro-me até hoje de um específico. Minha avó relatou mais ou menos assim:

    "Numa certa noite, eu e um amigo vínhamos caminhando por um campo aberto, sem ninguém, com poucas casas e iluminação, voltando para casa. Entre uma conversa e outra, avistamos um homem parado perto de uma ponte onde passaríamos. Era um homem bem alto, sem movimentos, muito estranho. Pensamos em voltar, mas não havia outro caminho, e até porque era apenas um homem. Pois então, fomos ao encontro do tal ser, tentando evitar olhá-lo. Quando passamos por ele, ao darmos 'Boa noite', cometemos o erro de olharmos para ele. E... surpresa! A parte de cima dele estava coberta por uma espécie de névoa. Não dava pra ver a cabeça do homem! Corremos tanto que chegamos à casa mais rápido do que o esperado. É... meu filho, a noite tem muitos mistérios, é quando os 'bichos' ficam soltos."

    Pronto! Ali era um misto de medo e satisfação por ouvir mais uma história de assombração. E pra dormir depois? Só Deus na causa (ou no "causo"). Mas quem diz que no outro dia não estaria ali de novo pra ouvir (e me assustar) com mais um conto?

    E até hoje não duvido de todas essas histórias. E é essa que é a graça: o infinito imaginário, sem certeza, cem por cento de nada. A inocência da dúvida.

    Como diria Zé Ramalho: "Mistérios da meia-noite que voam longe, que você nunca não sabe nunca..." 


Autor: Carlos Eduardo de Souza