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No século XIX, mais precisamente em 1878, com a inauguração da estação de trem de Campo Grande, o bairro inicia sua trajetória com relação aos grandes meios de transporte. Já no final do mesmo século, chegam os bondes (ainda movidos à tração animal) à região, o antigo Sertão Carioca; e já nas primeiras décadas do século XX, os bondes elétricos.
Mais à frente, como alternativa aos meios de transporte, surgem os veículos que ficaram conhecidos como "Lotação ". Entre às décadas de 1940 e 1960, nem todas as regiões da cidade do Rio de Janeiro eram servidas por linhas de ônibus, com poucas empresas rodoviárias servindo à cidade, principalmente locais mais distantes do centro, como a então Zona Rural. Por mais que existissem os bondes, esses, além de servirem apenas à algumas localidades, já não estavam dando conta do crescimento populacional do Sertão Carioca.
Nesse contexto surgem os veículos "Lotação ".
Lotação do sub bairro Magali, em Campo Grande. Foto pertencente ao acervo de Paulo Roberto Giesteira e família.
No bairro de Campo Grande, entre outros vários chamados sub bairros, está a localidade de Vila Nova. Muito movimentado, principalmente pelo comércio e pelos serviços, Vila Nova desperta muitas memórias afetivas de seus moradores, como o antigo supermercado Valente, cujo o espaço, mesmo ocupado por outros estabelecimentos, ainda tem o nome lembrado pelos moradores; há também nas memórias o Armarinho do Seu Júlio, que "vendia de tudo"; a Peixaria de Vila Nova também ainda é uma referência, muito procurada na Semana Santa, principalmente.
Vila Nova também do futebol, das "peladas " entre times locais; do Carnaval de rua, muito badalado nos dias de folia; do antigo Centro Pró-Melhoramentos de Vila Nova, que servia a localidade, oferecendo ensino de 1°e 2° graus, cursos técnicos, clínicas, entre outros serviços. Hoje o local é ocupado pela Escola Santa Bárbara. Vila Nova que já possuiu uma igreja católica brasileira (diferente da católica Romana), que localizava-se em frente à escola Embaixador Araújo Castro.
Com tantas histórias, a localidade convida a população à percorrer as ruas do bairro.
Vem aí a 3° Corrida 🏃♀️ de Rua de Vila Nova. Inscreva-se já! E participe desse resgate da memória da região.
Acesse o link abaixo e faça sua inscrição!
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Imagem: charge do ícone da Drogaria do Povo.
Acima encontra-se um dos monumentos que compõem a paisagem do bairro de Campo Grande: o Chafariz da Rodoviária de Campo Grande. O mesmo apresenta formas que remetem uma laranja 🍊 descascada, lembrando à época dos laranjais que se alastravam pelo bairro, principalmente na primeira metade do século XX, sendo um grande símbolo local. O chafariz, localizado entre a Rodoviária e a linha férrea, é composto por um conjunto de lâminas curvas na cor laranja, com um jorro d'água, sendo lançado a uma estrutura parecida com um copo, à imagem da fruta fornecendo um suco.
Sem dúvida, o monumento representa um grande valor simbólico para a memória da região, uma memória coletiva da população do bairro, indo muito além de uma referência urbana, sendo uma imagem de preservação da história local, eternizada na visão dos transeuntes que a avistam.
Imagem: Jornal O Amarelinho, setembro de 2025.
Na localidade do Tingui, no bairro de Campo Grande, localizam-se duas igrejas separadas por poucos metros. Até aí, nada demais. O fato curioso é que as duas possuem a mesma denominação: São Mateus. Sendo que uma é católica, e a outra, protestante.
Foto: autor
A Comunidade de São Mateus, pertencente à Paróquia Nossa Senhora das Graças, de Vila Nova, localiza-se na Rua Andradina, às "margens" da estrada Santa Maria. Fundada em 1979, com a formação de um Círculo Bíblico, a comunidade foi crescendo com a catequese que acontecia nas escolas Jurema Peçanha e Luiz Edmundo, próximas ao atual templo.
Segundo os primeiros frequentadores, depois da compra do terreno, a catequese passou a ser realizada embaixo de uma árvore, assim como as missas também.
Em 1990, por pouco a comunidade fechou, devido a pouca participação dos fiéis. Porém, com esforço de alguns membros, ela continua de pé até hoje.
Foto: autor
Como já mencionado, a poucos metros dali, na rua Atacama, localiza-se uma outra igreja "São Mateus". Trata-se da Igreja Metodista São Mateus, em frente a uma praça de mesmo nome: Praça São Mateus. Por curiosidade, apesar de serem igrejas com doutrinas diferentes, além da proximidade geográfica, ambas possuem outro ponto em comum: a celebração do Domingo de Ramos, como mostra a imagem abaixo, entre outros. Um outro detalhe curioso foi quando ocorreu, em uma oportunidade, nos anos 2000, uma celebração na igreja católica de São Mateus, co celebrada por um padre (o pároco de Nossa Senhora das Graças) e um pastor evangélico, a convite do padre, numa iniciativa de um encontro ecumênico.
Imagem: Instagramigrejametodistasãomateus
Só pra ressaltar, a igreja Metodista leva o nome com referência à localização, "em São Mateus", diferente da igreja católica, que tem o santo como padroeiro.
Porém, não deixa de ser um caso curioso, de duas igrejas de religiões (doutrinas) diferentes, com o mesmo nome, e bem próximas.
Imagem: google maps