Campo Grande, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, bem que poderia ser uma cidade. Aliás, ele tem o título de bairro-cidade. Chamado carinhosamente por alguns "facebucanos" de "meu país", Campo Grande, além de extenso, é o bairro mais populoso da cidade (tem pesquisa que afirma que é o mais populoso do país).
E por ter muita gente, é comum acontecer na terra que já foi dos laranjais, fatos curiosos. Um desses é corriqueiro na chamada saída do túnel. Estou me referindo à uma passagem subterrânea que liga a Rua Barcelos Domingos à Coronel Agostinho (o conhecido e quase sempre cheio Calçadão de Campo Grande).
O transeunte que atravessa a rua que separa a chamada "Boca do Túnel" do calçadão confronta com situações, nesse pequeno trecho, no mínimo curiosas.
Primeiro você é abordado por trocadores de vans que quase te empurram pra dentro do veículo, pra depois te perguntar pra onde você vai, isto é, se é que você quer ir para algum lugar com eles. Num ambiente amplamente disputado por vendedores, barracas, vai e vem de pessoas, se você ficar parado, pode deixar que será levado pelo fluxo. Sabe aquela imagem comum nos shows de rock, em que a pessoa é carregada pelos braços da galera, pelo alto? Então, dá pra brincar, dizendo que é próximo disso. E tá arriscado se você der um "oi" pra alguém, um vendedor completar "Tim, Vivo e Claro".
Há também as "corridas" para atravessar a rua, praticadas por um bom número de "atletas" que não conseguem esperar o sinal fechar, e se arriscam na frente dos automóveis, ziguezagueando pra poder chegar ao outro lado. Alguns, se achando no direito, ainda xingam os motoristas, mesmo com o semáforo indicando verde para os veículos. Aí, para explicar como o local quase não testemunha acidentes, recorremos àquele famoso jargão: "Deus protege".
Mas voltando às vans, um outro fato é o "dialeto" utilizado por seus condutores. É um tal de "San Crui, San Crui", "Uert Xop", "Cormo", "isdrad du gambim", "bilhê uni", que os passageiros já incorporaram ao seus dicionários particulares. Traduzindo: Santa Cruz, Santa Cruz; West Shopping; Cosmos; Estrada do Campinho; bilhete único.
Nesse cenário descontraído, temos um exemplo de diversidades em todos os sentidos, muito parecido com o que acontece nas viagens de trem. Só que aí é outra "passagi". Ou melhor, outra história.