Durante os períodos colonial e imperial do Brasil, o país possuiu uma subdivisão denominada freguesia. Nesse período, a igreja católica era a religião oficial do Brasil. Assim, em resumo, freguesia correspondia a um local com uma paróquia e áreas adjacentes, ou, freguesia = paróquia. A criação de uma freguesia era "a prova material da existência de um núcleo populacional de certa importância". (Revista IHGB, vol. 288, p. 194). Não fugindo à regra, o bairro de Campo Grande teve sua origem vinculada a uma criação de freguesia: a freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande.
Atualmente localizada no centro do bairro, em uma pequena elevação, a igreja matriz de Nossa Senhora do Desterro teve sua origem como capela em 1673, nas atuais terras de Bangu, nas propriedades de Barcelos Domingos, por iniciativa do padre Francisco da Silveira Dias. No século XVIII, foi oficializada a Freguesia de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande em 12 de janeiro de 1755 (alguns historiadores apontam 1757). O atual templo, em estilo barroco colonial brasileiro, ficou pronto em 1808.
Em 1882, a igreja foi destruída por um incêndio, sobrando pouco mais que as paredes. Graças aos esforços do padre Belisário dos Santos (1821 - 1891), com seus recursos e com a ajuda dos fazendeiros, autoridades e outras pessoas de Campo Grande, ela foi reconstruída. Segundo Fróes e Gelabert (2004: 97-98) "foram chamados os bombeiros da Corte e organizado um trem especial pra trazê-los. Este levou 40 minutos para chegar em Campo Grande, vindo da estação D. Pedro II. Após o desembarque do material, não houve como fazê-lo chegar a tempo à matriz, posto que os carros (puxados por animais) ficaram presos no areal existente na Rua da Matriz, depois da estação, hoje, Rua Augusto de Vasconcelos". Detalhe: atualmente, por ironia do destino, encontra-se um Corpo de Bombeiros bem próximo da paróquia. Padre Belisário foi nomeado vigário de Campo Grande, onde permaneceu de 1846 a 1891.
No período de desativação da matriz, as atividades da paróquia foram realizadas na igreja de Santo Antônio em Juary, na atual Avenida Cesário de Melo. Depois de seu falecimento, o vigário Belisário dos Santos foi enterrado no cemitério que se situava em frente à matriz, hoje pertencente à prefeitura do Rio de Janeiro.
Tratando-se de um símbolo histórico importantíssimo do bairro, a igreja de Nossa Senhora do Desterro desperta interesse de preservação por parte da população local. A partir do ano 2000, a igreja e seu entorno (a praça Dom João Esberard) sofreram modificações, como restauração do telhado, novo jardim e iluminação, entre outras intervenções, com o objetivo de manter vivo um dos grandes símbolos da história do bairro.
Parabéns pelo trabalho!!!
ResponderExcluirObrigado, Wallace. Espero que curta todos os artigos sobre nosso bairro.
ResponderExcluirQue linda historia .Tem que escrever mais sobre Campo grande.
ResponderExcluirQUE TAL UMA EXPOSIÇÃO EM UMA BOA LOCALIZAÇÃO
Obrigado, Márcio. Pretendo expor sim. Se souber de algo, pode me comunicar. Um abraço.
ExcluirInformações como estas enriquece o acervo histórico e mostra os esforços de homens e mulheres que competência que colaboraram com a construção de nossa cidade. Álvaro Rodrigues/pr.
ResponderExcluirLendo alguns processos judiciais,eu entendi q o incêndio se deu por conta de fazendeiros q queriam desaparecer com documentos da legislação Paroquial de 1856 onde os proprietários de terras revalidavam suas sesmarias e posses por ordem do rei como o 1° registro de terras do Brasil. Essa é a história no judiciário, n sei se é fato? Parabéns pelas histórias! 🙏
ResponderExcluirOlá, Marisa. Muito obrigado pela visita ao blog. Se puder, torne-se seguidora. É bem relevante essas suas informações. Com certeza valem uma pesquisa. Um grande abraço.
ExcluirOlá, Gostaria de saber o que simboliza a fonte em anexo a Igreja, e o que representaria?
ResponderExcluirAtt,Laíza!
Bom dia, Laísa. Tudo bem? Tem uma fonte que fica próxima ao templo, à frente do estacionamento. Se for essa fonte em questão, é a Fonte Wallace, um patrimônio tombado desde 2000. O autor é Charles Lebourg. A fonte contém a deusa Tétis, mãe de Aquiles. Desse modelo que se encontra na Paróquia, só existem nove no mundo todo. Espero ter ajudado. Muito obrigado pela visita ao blog. Um abraço.
ResponderExcluirBelíssima igreja!!!!
ResponderExcluirBoa Noite. Com certeza é um belíssimo templo. Símbolo de Campo Grande. Muito obrigado pela visita ao blog.
ExcluirSó esqueceram do padre Alfredo, que restaurou o final como ela esta.
ResponderExcluirBom dia, Delio. Infelizmente, não tenho acesso a todas as informações possíveis. Peço desculpas por não incluir o nome do padre citado. Muito obrigado pela visita ao blog.
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