O bairro de Campo Grande normalmente é lembrado pelo seu áureo período da laranja, em meados do século XX. Porém, é bom destacar que a região, acompanhando o que ocorria no Brasil, presenciou, anteriormente às laranjas, outros "ciclos" econômicos importantes. Um deles foi a cultura do café.
O café foi introduzido no Brasil por Francisco de Melo Palheta, com o antigo Distrito Federal sendo o primeiro à exportá-lo, no ano de 1791. As primeiras mudas foram trazidas para a cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1760 e 1762, por iniciativa do Desembargador João Alberto Castelo Branco. Poucas vingaram, e, mais tarde, de uma nova safra de mudas, algumas foram oferecidas a D. José Joaquim Justiniano de Mascarenhas Castelo Branco, Bispo dirigente da Diocese entre os anos de 1774 e 1804.
Esse mesmo bispo forneceu algumas mudas ao Padre Antônio do Couto da Fonseca, então proprietário da Fazenda do Mendanha. E foi exatamente dessa fazenda que saíram mudas e sementes que acabaram se alastrando pelo Vale do Paraíba, depois de iniciarem em Resende.
Ainda com relação à fazenda do Mendanha, vale ressaltar que quando as mudas de café chegaram ao local, havia ali uma relevante plantação de anil e toda uma estrutura para seu beneficiamento. O Padre Antônio do Couto da Fonseca simplesmente deixou de lado essa cultura para dedicar-se às plantações de café.
A Fazenda do Mendanha ficava nas encostas da serra, próxima ao largo do Mendanha, com a antiga casa do local pertencendo posteriormente a Francisco Freire Alemão.
Abaixo, os fazendeiros com plantações de café em Campo Grande, datando o ano de 1883:
FAZENDEIROS LOCALIZAÇÃO
Maria Teixeira de Souza Alves Mendanha
Manoel Fernandes Barata Inhoaíba
Fonte: Almanaque Laemmert. ano 1883.
Além de Campo Grande, o cultivo do café passou por fazendas de Catumbi, Inhaúma, Tijuca, Engenho Novo, Méier, Jacarepaguá e Guaratiba, levando ao desflorestamento das encostas, deixando os morros com as consequentes erosões.
Mesmo assim, não se pode negar a importância das mudas e plantações de café em Campo Grande, mais tarde, como já foi citado, "levado" para o Vale do Paraíba e também para a baixada Fluminense, sendo base da riqueza e povoamento dessa região.
Assim como os períodos da cana, da laranja e da avicultura, a cultura do café também é lembrada no brasão de Campo Grande, numa demonstração de quão importante foi o período desse produto para o bairro da Zona Oeste.
Fonte consultada: FRÓES, José Nazareth, GELABERT, Odaléa Ranauro. Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos. Rio de Janeiro. 2005.
Riquezas que deixaram de ser exploradas e que hoje muito nos faz falta devido os altos preços dos alimentos. Precisamos voltar a era agrícola.
ResponderExcluirBoa tarde, Sérgio. Com certeza, o café, a laranja, entre outros produtos fazem falta na economia da região, perdidas com o processo do tal progresso. Uma pena! Um grande abraço.
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