sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Um Rural na Zona Rural

   

   A imagem acima pertence ao livro "Campo Grande ", de Moacyr Sreder Bastos, do ano de 1968.
    A foto destaca o importante teatro  Arthur Azevedo, localizado na Rua Vitor Alves. 
    À sua frente um clássico Ford Rural Willys, muito badalado à época.
    Era o Rural automobilístico nas terras da então Zona Rural. 
    Imagem clássica!

Campo Grande antes de Campo Grande

   "Curumim chama cunhatã que eu vou contar "
    O atual bairro de Campo Grande já fez parte de uma região muito mais extensa, denominada de "O Campo Grande ", parte do que chamavam sertão, que ia da Serra de Gericinó e as serras da Tijuca, Pedra Branca, Bangu e Cabuçu.
    A conquista dessas terras e povoamento da região podem ser creditados em 06 de junho de 1569, quando João de Bastos e Gonçalo d'Aguiar solicitaram ao Capitão e Governador, Salvador de Sá, o outeiro de Jerissinonga (Gericinó). Alguns pesquisadores já afirmam que o "início" de povoamento se deu em 17 de novembro de 1603.
    Só que essa conquista, início de povoamento só leva em consideração a visão dos colonizadores europeus, os "homens brancos". À época, como ocorria em praticamente todo território brasileiro, a região era ocupada por tribos e etnias indígenas.
    Por volta da segunda metade do século XVI, a extensão de terras que vai do Rio da Prata até Cabuçu era habitada pelos índios Picinguaba. Segundo o professor de história Marco Antonio Duarte Viggiani , acredita -se que Picinguaba era um líder Morubixabã, pertencente a uma das tribos existentes na localidade. Ainda segundo Marcos, Picinguaba poderia ser também o nome de uma tribo.
    Fonte da imagem: livro "O Rio antes do Rio"

    Como mostra o mapa acima, uma das tabas existentes na localidade era conhecida como Okarantî, descrita como uma "das maiores e mais povoadas do país", segundo o cronista Jean de Léry. Conhecida como a taba do Grande Guerreiro Branco, era a maior do Rio de Janeiro no século XVI.
    O mesmo cronista Léry declara em sua obra, que esta taba ficava distante cerca de "10 a 12 léguas" do forte dos franceses na atual ilha de Villegagnon (a légua francesa aproximava de 4 quilômetros). Sendo assim, a distância era de aproximadamente 40 a 48 quilômetros entre os dois lugares. Esses quilômetros descritos pelo cronista francês indicam para a região atual que abrange os bairros de Bangu, Santíssimo e Campo Grande. Okarantî ficaria em algum lugar dessa localidade, onde se tinha à disposição cursos d'água, partindo do Rio Cabuçu.
    Nessa região há um vale entre duas "cadeias montanhosas", onde hoje localiza-se uma importante via, a Estrada da Posse. 
    A taba teria sido a maior da região, mais densamente povoada do recôncavo da Baía de Guanabara, uma área que corresponde ao grande planalto alcançado após o extenso vale entre os maciços do Mendanha e da Pedra Branca. 
    Segundo o cronista que esteve presente na região na época, em uma missão que acabou sendo um verdadeiro e precioso "trabalho de campo", a mais ou menos 8 quilômetros (2 léguas) da aldeia de Okarantî, localizava-se uma outra, denominada Kotyuá, ficando onde hoje encontra-se o bairro de Vila Kennedy, próximo da região de Gericinó. Essa aldeia possuía uma característica guerreira, sendo uma "armadilha" para os inimigos que por acaso atrevessem a atacá-la.
    Entre Okarantî e Kotyuá, como mostra o mapa, existia Tantimã. A referência à essa taba aparece em 1569, designando terras concedidas a dois sesmeiros já citados, João de Bastos e Gonçalo d'Aguiar. "Diz" a carta que essas terras tinham como referência algum lugar perto de Gericinó. 
    É bom ressaltar que Gericinó servia para designar uma região muito vasta na segunda metade do século XVI, diferente do atual bairro, sendo apenas uma parte das terras que herdou o nome originário.
    A aldeia de Tantimã deslocava-se por essas terras próximas às atuais encostas da Serra do Mendanha. 
    Nas primeiras cartas de sesmarias e outros documentos antigos, os tupinambás "chamavam" esse maciço montanhoso de origem vulcânica com outras grafias, como Jorisinom, Jorixininga, Jorisiñonga, entre outras. Hoje, é conhecido como Serra de Madureira, do lado de Nova Iguaçu, e Serra do Mendanha, ou Gericinó, na parte da cidade do Rio de Janeiro. 
    Os mesmos tupinambás reverenciavam o local como uma de suas "montanhas" mais sagradas, de onde partiam os rios, com relevante caça na região, e onde se tinham frutos, plantas, mel, animais entre outros.
    O nome Gericinó poderia significar para os indígenas presentes na região algo como "mãe que vem fazer", "montanha da mãe geradora", ou algo próximo a isso.
    Nas andanças do cronista Jean de Léry, pode afirmar que o mesmo visitou Okarantî, próximo do atual bairro de Campo Grande, decidindo voltar por um caminho mais ao norte, em direção a terras férteis e florestas das atuais "montanhas" do Parque Estadual do Mendanha.
    E assim, a região do "Campo Grande ", como cita a música, já dizia: "Todo dia era dia de índio".

   Referências bibliográficas:
   Fróes, José Nazareth; Gelabert, Odaléa Ranauro. Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos. Rio de Janeiro. 2004.
       Leŕy, Jean de. Viagem à terra do Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1941.
    Silva, Rafael Freitas da. O Rio antes do Rio. Rio de Janeiro: Babilônia, 2017.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

O fim das videolocadoras

   Ah, saudades daquela época de esperar o filme sair de cartaz do cinema e pintar nas prateleiras das videolocadoras! Com certeza, a geração digital nunca vai saber como era a expectativa de conseguir alugar aquele filme que você tanto esperou para poder assistir no conforto de sua casa. E ainda torcer pra que ninguém tivesse alugado o filme antes de você, caso o estabelecimento tivesse apenas um exemplar. Como não lembrar do assediado "Titanic"!
    E no início, não era nem o "moderno" DVD a ser disputado, mas as saudosas fitas de vídeo cassete, ou VHS (Vídeo Home System). E o grande desafio era depois de assistir ao filme, rebobinar a fita até o começo. Caso contrário, uma multa, dependendo do dono, esperaria por você ao entregá-la na loja. 
    E era aquela festa! Final de semana alugávamos uma certa quantidade de vídeos e nos deliciávamos assistindo as novidades da sétima arte. Mas segunda-feira tinha que entregar. E todas rebobinadas. 
    Com o tempo as videolocadoras passaram pela transição do VHS para o DVD; a locação de CDs musicais; a mudança para o Blu-Ray, a pirataria, os downloads ilegais e a Netflix. 
    Com o advento da internet e com as facilidades de acesso a filmes (de forma legal e ilegal), atualmente poucas conseguem ficar de pé. E as que continuam mudam seu perfil. Se antes os clientes iam atrás de novidades, hoje procuram raridades. Outras incluem outros serviços para manterem-se no negócio. Um exemplo é a digitalização de VHS. Parece que uma das poucas referências dessa época que ainda insiste em permanecer são as "Videocassetadas", do Domingão do Faustão. 
    No sub bairro Vila Nova, em Campo Grande, por muito tempo a população local procurou aluguel de filmes na SAC VIDEO, uma das videolocadoras do bairro. A procura era grande, principalmente nos fins de semana. Era só se tornar sócio e preparar a pipoca.
    
Imagem. Fonte: Internet 

    Mas, como já citado, a evolução tecnológica acelerou o fechamento da mesma, ficando apenas um resquício do nome ainda presente no local, porém já desgastado com o tempo e pelos agentes externos da natureza, retratando o triste fim de uma era do auge das videolocadoras, que estão ficando cada vez mais só em nossas memórias.
                                THE END

 Foto: Carlos Eduardo de Souza 
    

sábado, 4 de janeiro de 2020

"Quintais de Campo Grande"

https://m.youtube.com/watch?v=ZhzVpj0obcg&feature=youtu.be

Acima uma linda canção de Aurélio Rodrigues, denominada "Quintais de Campo Grande ", exaltando os tempos áureos do bairro, o saudosismo de uma paisagem que se foi com o progresso.

Vídeo originalmente postado no grupo de Facebook "Recordar é viver novamente", por Adiléia Rodrigues Silva.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

A dengue de ontem e de hoje

  O Jornal do sub bairro Tingui, de Campo Grande, alerta a população para o "cuidado com a dengue..." e anuncia que no dia 08 de janeiro, às 19 horas, na escola Luis Edmundo, terá uma palestra sobre o assunto.
    O texto cita:
     " A dengue não acabou e estamos prevendo para este verão o maior surto dos últimos tempos com risco de vários óbitos (mortes): comparado ao surto que atacou Cuba na última década (Muito comum em velhos e crianças)...
      ... Gostaríamos de informar que não há vacinas contra este mal, o 'único' remédio é o combate ao mosquito, às suas larvas e aos seus criadores...
      ...Por isso abra bem as portas e janelas quando o carro "Fumacê" passar, para que inseticida lançado penetre em todos os cômodos.  Quando passar o "Fumacê " peça à equipe da SUCAM para colocar o máximo nos recipientes de água em uso...
    ...CONVIDAMOS A TODOS OS MORADORES DESTA COMUNIDADE A ASSISTIREM A PALESTRA SOBRE ESSE ASSUNTO, COM PARTICIPAÇÃO DE TÉCNICOS, VÍDEOS E MÉDICOS CUBANOS QUE NOS ORIENTAM NO COMBATE À DENGUE. SUA PRESENÇA SERÁ FUNDAMENTAL...

    Por Alfredo Sérgio Martins 

   Um detalhe importante: o Jornal em questão, denominado O Tal, periódico do sub bairro Tingui, data de 30 de dezembro de 1987, já chamando a atenção dos moradores da localidade para um surto de dengue. É...parece que 3 décadas depois, pouca coisa ou quase nada mudou, já que convivemos ainda com o medo dessa doença, agora acompanhada de outras também transmitidas pelo mesmo mosquito Aedes aegypti. Assim, se lermos a reportagem sem nos atentarmos à data, podemos  imaginar que o Jornal é de 2020 (tirando alguns detalhes). 
    Como dizia Leo Jaime na canção: "oh, oh, oh. Nada mudou..."
    

Fonte consultada: Jornal O Tal
Pesquisa: Carlos Eduardo 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Tour de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande

   No próximo dia 08 de fevereiro estarei com a guia turística Daniele Ferraz no tour da Igreja de Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande. 
    A paróquia é considerada o início do bairro, já que em 1673 foi erguida, ainda em Bangu, uma capela em sua devoção, depois transferida para o atual bairro de Campo Grande. 
    No tour, contaremos a história da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, considerada padroeira do bairro de Campo Grande. Além disso, percorreremos por dentro da matriz, que contém um museu, sinos, imagens desenhadas em seu templo, entre outros atrativos e curiosidades que serão contadas.
    Dia 08 de fevereiro, às 09 horas. Local: Matriz de Nossa Senhora do Desterro. Rua Amaral Costa 141, praça Dom João Esberard, Campo Grande, RJ.