domingo, 30 de agosto de 2020

Casarão antigo no Salim

 

Imagem de um casarão antigo na localidade do Salim, na estrada do Tingui, em Campo Grande. Permissão da foto concedida pelo proprietário do mesmo, "Seu Eno ".


Foto: Aline Xavier.

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Os álbuns de figurinhas e a geografia

 A COPA DO MUNDO E A GEOGRAFIA


    Desde pequeno, pelo que lembro, já era interessado e curioso em saber sobre a cultura, origem, população, bandeiras e outras características dos estados brasileiros e dos países. Lembro-me bem que na casa de meus pais havia um atlas (dos anos 80) pertencente a minhas irmãs, o qual eu, com meus 6, 7, 8 anos, já ficava degustando dos territórios,  nomes de países, continentes, bandeiras e afins. Não à toa tornei -me professor de geografia.

    Aliado a isso, desde pequeno também já desenvolvia uma outra paixão: o futebol. Meu primeiro álbum de figurinhas da Copa do Mundo que colecionei foi o de 1990, disputada na Itália. Tinha 9 anos e nem poderia passar pela minha cabeça que aquele álbum iria, de uma forma ou de outra, associar-se à geografia e à história. 

    À época, por mais curioso que fosse, não entendia a fundo sobre os assuntos políticos, econômicos e ideológicos daquele momento. Era o fim da Guerra Fria, e com ele uma reviravolta no mapa-mundi, principalmente na Europa. Não poderia imaginar que meu primeiro álbum da Copa do Mundo seria o último disputado por alguns países que pouco tempo depois deixariam de existir, ou passariam por profundas mudanças em seus territórios e política. Foram os casos da União Soviética, Tchecoslováquia, Iugoslávia e a Alemanha Ocidental.

    Quatro anos mais tarde, colecionei mais um álbum de Copa, a que o Brasil sagrou-se campeão depois de 24 anos. Com 13 anos, ainda continuava não entendendo muito de assuntos políticos e econômicos do Brasil e do mundo. Fui forçado, pela circunstância, a entender um pouco da economia brasileira, já que presenciei, nesse ano de 1994, o surgimento do Real.

   Em 1990 vi uma seleção vermelha jogar com a Argentina, era a então União Soviética, conhecida por mim por URSS; em 1994, assisti uma seleção azul e branca jogar contra o Brasil. Era a Rússia, "herdeira" da já extinta União Soviética. Em 1990, via no álbum a tal da Alemanha Ocidental, que viria a ser campeã daquele mundial e unificada com a Oriental meses depois; em 1994, já era só Alemanha.

    Entre 1990 e 1994 muita coisa aconteceu no cenário mundial. A Guerra Fria havia chegado ao fim, a disputa capitalismo x socialismo também, e com ela o fim da União Soviética, em 1991, a unificação das Alemanhas, em 1990, a separação da Tchecoslováquia, dando origem a dois novos países (República Tcheca e Eslováquia) em 1993, e a desintegração sangrenta da Iugoslávia, ocasionando o surgimento de 7 novos países (considerando Kosovo). A Iugoslávia ainda chegou a disputar a Copa do Mundo de 1998, mas já com seu território reduzido, assistindo, inclusive, um ex "pedaço" seu chegar em terceiro lugar, a Croácia. A mesma Iugoslávia, depois de 1990, chegou a se classificar para a Eurocopa de seleções de 1992, mas não disputou por estar em guerra, dando vaga para a Dinamarca, que acabou sagrando-se campeã. Coisas do futebol e da geografia também.

    Hoje, com a maturidade de minha idade, comparando esses dois álbuns que ainda guardo, vejo que possuo duas relíquias, que contam através do futebol, um período de transformações importantíssimas da história mundial.

    E assim ainda consigo guardar e juntar duas peças que reúnem duas paixões particulares: a geografia e o futebol.














segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A saudosa Silbene

 


A foto rara mostra o famoso calçadão de Campo Grande, centro comercial do bairro. Na imagem está destacado um letreiro da saudosa Silbene.
    A papelaria Silbene, em seus 52 anos de existência, foi uma tradicional loja do bairro de Campo Grande, que anunciou seu fechamento em 2012. Segundo fontes, o nome é uma homenagem à filha de seu fundador, Jorge Elias.
    Com entrada pelo calçadão de Campo Grande (Rua Coronel Agostinho) e saída pela Rua Augusto Vasconcelos (ou vice-versa), a loja possuía cerca de 200 funcionários e comercializava artigos de papelaria, informática, brinquedos, relógios, artigos para festas, livros, lanches, fotos e outros.
    Com certeza, até hoje, a Silbene desperta nostalgia entre os moradores do bairro, acostumados, segundo eles mesmos, a encontrarem "de tudo" nesta emblemática loja.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Foto antiga da estação de trem de Campo Grande

 

Primeira estação de trem de Campo Grande. A mesma foi construída assim que foi criado o ramal para o Curato de Santa Cruz. Inaugurada em 02 de dezembro de 1878, esta proporcionou ao bairro uma ligação maior com o restante do Rio de Janeiro. 
Observa -se na foto uma espécie de "varejo", com a antiga passagem de nível à esquerda, que ligava a Rua Barcelos Domingos à Praça 3 de Maio (atual Praça Raul Boaventura) e a Rua Coronel Agostinho. 

Fonte: Jornal Zona Oeste, Edição Especial, n°857. 1992.
Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos.  FRÓES, José Nazareth, GELABERT, Odaléa Ranauro. Rio de Janeiro.  2005. Segunda edição. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

A padroeira de Campo Grande

 Nossa Senhora do Desterro é considerada como padroeira daqueles que, por muitas razões, deixaram sua terra natal, familiares e amigos para enfrentar viagens, muitas vezes perigosas e longas, em direção a algo desconhecido e sem saber como seriam recebidos em um novo território.

Entre os colonos portugueses, era muito comum trazerem na bagagem imagens da "Sagrada Família " em fuga para o Egito, tradicionalmente representada por Maria com o menino Jesus nos braços montada num burrinho, e José.

Pelo calendário Gregoriano, 17 de fevereiro é o dia dedicado à devoção de Nossa Senhora do Desterro, data aproximada da chegada da Sagrada Família à antiga Heliópolis, atual Cairo, capital do Egito, depois de uma longa jornada.

O bairro de Campo Grande tem sua origem atrelada à uma capela em devoção à Nossa Senhora do Desterro, inicialmente em terras de Barcellos Domingos (Domingues), na Fazenda Bangu,  que é hoje o bairro de Bangu. Mais tarde a mesma foi "transferida" para limitações já próximas ao atual bairro de Campo Grande, até a consolidação do atual templo no centro do bairro, localizado numa pequena elevação.

Depois de passar por um terrível incêndio, em 1882, a Paróquia foi praticamente reconstruída com esforços de autoridades, da população e principalmente do Padre Belisário dos Santos, Vigário de Campo Grande . A 3 de janeiro de 1926, a Matriz, já recuperada do já citado incêndio, foi sagrada - processo chamado "sagração", o qual a igreja recebe uma bênção numa inauguração, reinauguração ou algo próximo disso, geralmente com o templo possuindo alguma relíquia de um santo, num ritual com portas fechadas, com os fiéis do lado de fora respondendo algumas palavras para o sacerdote - pelo bispo de Santos, D. José Maria Pereira Lara

Ao Vigário Pe. Felício Magaldi os paroquianos de Nossa Senhora do Desterro devem a instituição da "Novena de Nossa Senhora do Desterro, Padroeira de Campo Grande", sendo um relevante trabalho feito de orações, meditações e hino composto por ele.

Abaixo o hino a Nossa Senhora do Desterro 

Fonte consultada e imagens: Nossa Senhora do Desterro de Campo Grande.  A história de uma Freguesia do Arcebispado do Rio de Janeiro revista e documentada. José Nazareth de Souza Fróes. 2006.

Explicação sobre o processo de "Sagração ": por Daniele Ferraz. 


segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Líbano e Campo Grande

Festa libanesa em Campo Grande. Foto: Rogerio Faissal 

Existiria alguma semelhança entre o Líbano 🇱🇧 e o bairro de Campo Grande? Podemos dizer que sim.
O Líbano é um país de pequena extensão e montanhoso, localizado no Oriente Médio, e ficando entre três continentes. O país, marcado por muitos conflitos, possui um grande valor histórico, com o território abrigando a civilização Fenícia, sendo também palco de ocupação do Império Otomano e da França. Dos países do Oriente Médio é o que apresenta maior diversidade religiosa, com aproximadamente 54% muçulmanos, 40% cristãos, 5% drusos, além de judeus, budistas e outros. Em sua bandeira encontra-se a árvore conhecida como cedro-do-Líbano, simbolizando a força, a resistência e o crescimento.
O bairro de Campo Grande possui uma forte influência comercial atrelada aos sírio-libaneses, que desenvolveram uma espécie de comércio ambulante na região (tecidos, calçado e joias), já no início do século XX, contribuindo para o desenvolvimento local.
Os sírio-libaneses vieram para o Brasil em fins do século XIX, perseguidos pelo Império Turco-Otomano, por serem cristãos árabes. Os "turcos" (como eram chamados os descendentes de árabes pela população) eram em sua maioria caixeiros-viajantes, vendendo diversos produtos.
Na localidade do Salim, no bairro de Campo Grande, há um loteamento chamado de Monte Líbano, como mostra a imagem abaixo.

 O nome faz referência a uma pequena cadeia montanhosa que se estende por todo o Líbano. O curioso é que o loteamento fica numa área que leva o nome de um proprietário de terras, conhecido como "Seu Salim", chamado também de "turco". Lembrando que muitos descendentes de árabes, como já foi citado, eram chamados de "turcos". Fica a dúvida.
E assim temos numa mesma localidade em Campo Grande uma junção histórica, curiosidade e por que não, cultural?

Foto festa libanesa - fonte: Zona Oeste, uma história de sucesso. Lucia Rito. 2002.

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Um Gurgel em Campo Grande


Foto: Carlos Eduardo de Souza. 


A foto acima, tirada na localidade Salim, no bairro de Campo Grande, é de um automóvel que ficou muito conhecido entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990: o Gurgel, mais especificamente o BR-800. O exemplar da foto é de um morador da localidade, que segundo o próprio, pertenceu a seu pai.
Fundada por João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, a empresa conseguiu fabricar 40 mil carros legitimamente brasileiros, passando por Karts, jipes, modelos elétricos e o modelo popular batizado de BR-800. Esse modelo possuía um motor de dois cilindros projetado pela própria empresa, com este ficando na frente do automóvel, mas a tração sendo traseira.
O engenheiro Gurgel às vezes colocava ideias incomuns e seguia adiante com seus projetos. Assim, o BR-800 foi fabricado com amortecedores de fricção e carroceria de fibra de vidro. O interior do carro era quente e o espaço no banco de trás era reduzido. Porém, o carro cabia em qualquer vaga, e sua direção, de tão leve, parecia hidráulica. 
Lançado em 1988, o carro parou de ser fabricado em 1994, com a falência da Gurgel. Durante 25 anos, a empresa que levou o sobrenome de seu fundador, falecido em 2009, deixou um grande legado: o de fazer um automóvel 100% brasileiro. Atualmente, os carros da Gurgel, como o da foto acima, são verdadeiras raridades, fazendo parte da  memória e da história de nosso país.

Fonte consultada: Coleção carros nacionais 2.