segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Líbano e Campo Grande

Festa libanesa em Campo Grande. Foto: Rogerio Faissal 

Existiria alguma semelhança entre o Líbano 🇱🇧 e o bairro de Campo Grande? Podemos dizer que sim.
O Líbano é um país de pequena extensão e montanhoso, localizado no Oriente Médio, e ficando entre três continentes. O país, marcado por muitos conflitos, possui um grande valor histórico, com o território abrigando a civilização Fenícia, sendo também palco de ocupação do Império Otomano e da França. Dos países do Oriente Médio é o que apresenta maior diversidade religiosa, com aproximadamente 54% muçulmanos, 40% cristãos, 5% drusos, além de judeus, budistas e outros. Em sua bandeira encontra-se a árvore conhecida como cedro-do-Líbano, simbolizando a força, a resistência e o crescimento.
O bairro de Campo Grande possui uma forte influência comercial atrelada aos sírio-libaneses, que desenvolveram uma espécie de comércio ambulante na região (tecidos, calçado e joias), já no início do século XX, contribuindo para o desenvolvimento local.
Os sírio-libaneses vieram para o Brasil em fins do século XIX, perseguidos pelo Império Turco-Otomano, por serem cristãos árabes. Os "turcos" (como eram chamados os descendentes de árabes pela população) eram em sua maioria caixeiros-viajantes, vendendo diversos produtos.
Na localidade do Salim, no bairro de Campo Grande, há um loteamento chamado de Monte Líbano, como mostra a imagem abaixo.

 O nome faz referência a uma pequena cadeia montanhosa que se estende por todo o Líbano. O curioso é que o loteamento fica numa área que leva o nome de um proprietário de terras, conhecido como "Seu Salim", chamado também de "turco". Lembrando que muitos descendentes de árabes, como já foi citado, eram chamados de "turcos". Fica a dúvida.
E assim temos numa mesma localidade em Campo Grande uma junção histórica, curiosidade e por que não, cultural?

Foto festa libanesa - fonte: Zona Oeste, uma história de sucesso. Lucia Rito. 2002.

5 comentários:

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  2. A comunidade sírio-libanesa teve grande expressão no comércio campo-grandense. Famílias como Audi, El Bayeh, Morgado, Kfouri, Chaker, entre outras. (Alguns sobrenomes sofreram corruptelas quando passaram aos cartórios brasileiros, portanto, é comum muitas grafias erradas nessas e em outras famílias). Boa parte desse povo trabalhador se estabeleceu próximo ao comércio central, como Rua Baicuru, início da Estrada do Campinho, Estrada das Capoeiras e Estada do Cabuçu. Percebeu-me na década de 1990, que grande parte dos filhos desses comerciantes precipitaram-se para outros países, mas precisamente Austrália, que abria o campo trabalhista para residentes brasileiros, na época. Em sua maioria pertenciam à origem religiosa católica, mas alguns poucos professavam o Islamismo. Como o Brasil é uma 'Terra de Todos os Povos', muitos se adaptaram aos costumes locais e nas décadas de 1960 a 1980, alguns passaram a praticar a Umbanda. Hoje, pouco se fala ou se sabe de famílias 'turcas' em Campo Grande. Um motivo para novas pesquisas.

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    1. Boa tarde,meu amigo. Muito obrigado pela visita ao blog. Com certeza é bom tema pra pesquisa mais aprofundada. Estamos juntos nessa. Um grande abraço.

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  3. Também em Santa Cruz a comunidade sírio-libanesa teve alguma importância. Entre elas podemos citar as famílias Nicolau Jorge, Ciraudo, entre outras. Muitos dos seus descendentes foram comerciantes, médicos, dentistas, advogados, etc. Nos arquivos do NOPH em Santa Cruz encontram-se muitos registros dessas famílias.

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