quarta-feira, 8 de maio de 2024

O começo do futebol feminino em Campo Grande

 Durante muitas décadas, os homens foram os únicos a ter o privilégio de praticar o futebol no Brasil. Proibido a partir de uma publicação de um decreto-lei, assinado pelo então presidente Getúlio Vargas, o futebol feminino não pôde ser praticado entre 1941 a 1979, sendo regulamentado em 1983. E nesse mesmo ano, houve um amistoso no Maracanã entre os times femininos de Bangu e Cruzeiro, vencido pelo time de Moça Bonita por 4x1, numa preliminar de Flamengo e Corinthians (masculino). Foi a primeira vez que o futebol feminino ganhou destaque, sendo inclusive quadro dos "Gols do Fantástico". No Rio de Janeiro, o campeonato carioca feminino começou a ser disputado justamente em 1983, ocorrendo, no decorrer dos anos, algumas interrupções, com organizadores diferentes, pouco patrocínio e falta de visibilidade, mas sempre resiliente.

E o bairro de Campo Grande também protagonizou o começo da valorização do futebol feminino. Desde a volta da prática do futebol entre as mulheres, o Campo Grande Atlético Clube incentivou a formação de equipes femininas, com participações em competições, inclusive sendo por duas vezes campeão carioca da categoria, em 2004 e 2008, além de um vice-campeonato em 1996.

Abaixo, algumas fotos de uma ex-jogadora do clube, uma das pioneiras do futebol feminino na região, Maria de Lourdes, a Lurdinha, que iniciou no clube em 1981.




A mesma conta que acompanhou toda a dificuldade de aceitação do futebol feminino, além da falta de patrocínio, entre outras adversidades. Abaixo, um trecho de uma matéria de jornal sobre o assunto, citando a jogadora.

Além do Campo Grande, Lurdinha também atuou em outros clubes do bairro, mesmo que amadores, como o River Futebol Clube, fundado no ano do fim da proibição do futebol feminino no Brasil, em 1979, que se localizava na Estrada do Mendanha.

Abaixo, uma carteirinha da atleta pelo clube.


Abaixo, uma foto de um time feminino amador da empresa Jabour. Os jogos aconteciam no antigo campo do Oiti, na Avenida Santa Cruz. Segundo Lurdinha, o time era formado basicamente por funcionárias da empresa. O time foi criado pelas próprias funcionárias, que recebiam um apoio da empresa com fornecimento de uniformes, bolas, lanches e despesas com viagens.


Abaixo, uma foto de Lurdinha na arquibancada do Ítalo Del Cima, esperando para jogar, ao lado de seu filho e do ídolo rubro-negro, Zico.

E assim segue o futebol feminino no Brasil, ainda enfrentando dificuldades, apesar dos avanços, mas nunca deixando a bola cair, e sempre exaltando àquelas que abriram caminho para que hoje outras atletas possam ter vez no esporte.

Fotos e depoimentos cedidos gentilmente pela ex-jogadora Lurdinha. Gratidão infinita!



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