sábado, 30 de março de 2024

Breve histórico da chegada dos trens em Campo Grande e adjacências

 O transporte de trem no Rio de Janeiro surgiu com a inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 29/03/1858, construída por iniciativa de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. O mesmo iniciou a construção sem garantia de juros ou subvenções, praticamente às custas de suas finanças e de dinheiro de seus amigos. Os primeiros 49 km iam até Queimados. Sucessivamente foram inauguradas as estações de São Cristóvão e Sapopemba, atual Deodoro. Mais tarde, com a proclamação da República, passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1957 é criada a Rede Ferroviária S.A.; e em 1998, surge o consórcio SuperVia - Concessionária de Transportes Ferroviários S.A.

No dia 02 de dezembro de 1878 é inaugurada a estação de trem de Campo Grande, no mesmo dia em que a estação de Santa Cruz também foi inaugurada. A de Santa Cruz permaneceu até 1910 como ponta de linha do ramal. Nesse mesmo ano foi aberto o trecho seguinte, até o município de Itaguaí,  que em 1914 foi prolongado até o município de Mangaratiba. 

Até a década de 1930, houve pouca modernização com relação aos trens. Estipulavam que, com a eletrificação dos trens, aumentaria a capacidade de mais passageiros por hora, além de mais conforto e segurança para os usuários. Somente em 1935 foi assinado o contrato de eletrificação das linhas , tendo início em 1936, com a energia elétrica fornecida pela Light & Power. A viagem experimental aconteceu em 21/12/1936, entre Madureira e São Cristóvão. Em 10/07/1937 ocorreu a entrada em operação dos trens elétricos,  da estação de D.Pedro II  até Madureira. O serviço se estendeu até Bangu e o município de Nova Iguaçu, em 1938.

Somente em 19/04/1944, a eletrificação chega ao trecho Bangu - Campo Grande, e em 10/11/1945, o trecho Campo Grande- Matadouro.

Abaixo, segundo o historiador Benedicto Freitas, o trem que provavelmente inaugurou as estações dos bairros de Campo Grande e Santa Cruz. 

Assim, o transporte ferroviário acabou impulsionando a transformação desta região tipicamente rural, facilitando o acesso a outros pontos da cidade.

Abaixo, uma lista com as datas de inauguração de estações e distâncias em relação à Estação 🚉 de D. Pedro II:

LOCAL.                  DISTÂNCIA.  DATA DE CRIAÇÃO 

Deodoro                 22.056 km      08.03.1858

Vila Militar            24,2 km           01.08.1910

Magalhães Bastos 25,1 km          1914

Realengo                 27,4 km          02.12.1878

Bangu                      31,8 km          01.05.1890

S. Camará                33,2 km          01.07.1923

Santíssimo              35,9 km          23.11.1890

S. Vasconcelos        39,0 km          07.11.1914

Campo Grande       41,6 km          02.12.1878

Inhoaíba  (ex-         45,3 km          01.10.1912

Trindade)

Paciência                 49,3 km           01.07.1897

Santa Cruz               54,8 km           1878

Matadouro               56,5 km           01.01.1884

Itaguaí                       75,7 km           04.11.1910

Coroa Grande          78,7 km           14.11.1911

Itacuruçá                  81,2 km           14.11.1911

Muriqui                    85,0 km            05.11.1914

P. Praia Grande       88,2 km            07.11.1914

Ibicuí                         95,2 km           23.08.1920

Eng° Junqueira        98,8 km           07.11.1914

Mangaratiba            103,2 km         07.11.1914

Fonte: Estações (Ferrovias do Brasil, IBGE, 1956). 

A eletrificação acabou não passando de Santa Cruz e Matadouro, com os trechos para Mangaratiba possuindo trens puxados por locomotivas 🚂 a vapor, e à partir de 1950, por diesel. Muitos apontam que esse fato foi fundamental para o fim do famoso "Macaquinho ", em 1983, apelido do trem que ia de Santa Cruz a Mangaratiba. 


Acima a primeira estação de trem de Campo Grande, construída após a criação do ramal para o curato de Santa Cruz. 

Fonte: (Jornal Zona Oeste, Edição Especial, n°857. 1992)

Fontes consultadas:

Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos. José Nazareth de Souza Fróes e Odaléa Ranauro Enseñat Gelabert. Segunda edição  - 2005

A inusitada trajetória de uma igreja centenária  - Gilson do Carmo Batista. Primeira edição  - 2012.



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