quinta-feira, 25 de abril de 2024

O antigo BANERJ

 

Imagem: Elder Veríssimo 

Na Rua Augusto Vasconcelos, em Campo Grande, até o início dos anos 2000, localizava-se o BANERJ (Banco do Estado do Rio de Janeiro), onde hoje está o ITAÚ, que ocupou o mesmo prédio. 
Por muito tempo, o banco foi uma referência na paisagem do bairro de Campo Grande, com seus dois tons de verde, com o nome no meio. Durante a década de 1980, a instituição teve seu logo estampado na Fórmula 1, representado nos carros e uniformes do lendário Ayrton Senna, além de ter no Maracanã seu nome também representado.



Imagem: fotografia folha.Uol.com.br

Lembro de minha infância, quando às vezes ia com minha mãe e minha saudosa avó materna enfrentar longas filas na agência da já citada rua, nos famosos dias de pagamento. Filas essas que ficaram mais acentuadas no governo Collor e na transição para o Real.
Em 1997, o BANERJ foi leiloado na Bolsa de valores do Rio de Janeiro, com o grupo Itaú arrematando 190 agências. 
No ano de 2004 o grupo Itaú anuncia a incorporação do BANERJ, pondo fim a mais um capítulo da história do bairro.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

São Jorge e o bairro de Campo Grande

 

Dia 23 de abril, dia de São Jorge, um dos santos mais identificados com o Rio de Janeiro, também  padroeiro da Inglaterra e do clube Corinthians, festejado em países como Portugal e Espanha, e reverenciado tanto na igreja católica Romana, Ortodoxa e Anglicana, além do sincretismo religioso, no qual na Umbanda e no Candomblé se faz referência a Ogum.

É um dia marcado por festejos, igrejas lotadas, queima de fogos e feijoadas - no caso do delicioso prato, uma referência à comida que os escravos faziam e reverenciavam a Ogum, através de São Jorge -  além de lembrar alegria e confraternização. A cor vermelha é marcante, lembrando o sangue, associando-o ao simbolismo na cultura cristã, remetendo ao sacrifício de Jesus Cristo, além da própria história do martírio de São Jorge, que segundo a tradição, foi um capitão da região da Capadócia (atual Turquia), o qual foi degolado pelo Império de Roma, por se negar a perseguir cristãos.

A fé ao santo também se apresenta em forma de cordões, dos mais variados tamanhos e formas. Na música "O carioca", do grupo Molejo, é citado o fato, ressaltando a forte relação do santo com a população do Rio de Janeiro: "O carioca é aquele que deita na sombra na hora do almoço; está quase sempre com ar de bom moço; que bate uma bola até com um caroço; com um São Jorge no pescoço..."

E no bairro de Campo Grande não poderia ser diferente do restante da cidade. Na região, o Santo Guerreiro é representado de algumas formas. Uma é a existência de um sub bairro denominado São Jorge, contínuo ao sub bairro Aurora, fazendo parte da região da Avenida Cesário de Melo, entre os bairros de Campo Grande e Inhoaíba. O mesmo destaca-se no comércio e como área residencial. Uma outra referência é a tradicional festa de São Jorge no Rio da Prata, acompanhada por devotos, simpatizantes, curiosos e religiosos, com a imagem do santo sendo conduzida por cavaleiros, numa grande multidão que reúne pessoas de várias partes da Zona Oeste, percorrendo locais próximos como a Estrada do Viegas, Estrada do Lameirão Pequeno e Estrada do Cabuçu. E por fim, a existência da Comunidade Católica São Jorge, da Paróquia São João Evangelista, no Rio da Prata; e a capela de São Jorge, na rua Caminho do Padre, no loteamento Monte Sinai, pertencente à Paróquia Nossa Senhora das Graças.


E assim segue a tradição de São Jorge, com sua cor forte, representando superação, guarda e força para as batalhas do dia a dia e que, segundo a lenda, por ser guerreiro, mata o demônio (dragão) e, da Lua, protege a humanidade dos perigos e maldades.

 "Lua de São Jorge, lua deslumbrante... lua de São Jorge cheia, branca, inteira..."🎶🎶🎶

 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

O posto das Capoeiras

 

Acima está uma imagem do tradicional Posto de Gasolina localizado na estrada das Capoeiras, no bairro de Campo Grande, datando do início dos anos 1990. O Posto de gasolina ⛽ das Capoeiras também era conhecido pelo seu nome fantasia: Posto Castelinho, devido ao mesmo possuir desenhos de uma espécie de torre.
De 1980 a 1996, o Posto, que fica em frente onde hoje localiza-se o Carrefour, esteve sob direção de um campo-grandense de origem portuguesa chamado Manuel Máximo.


Acima o mesmo posto, no ano de 1985, com a estrada Rio do A ao fundo, ainda sem o Carrefour.

Imagens e informações gentilmente fornecidas e autorizadas por César Folly, filho do Semhor Manuel Máximo.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Campo Grande: ainda o bairro mais populoso?

 

Imagem: Diário do Rio


Por muito tempo, o bairro de Campo Grande ostentou o título de "bairro mais populoso da cidade do Rio de Janeiro ". Algumas pesquisas apontam o bairro, inclusive, como o mais populoso do Brasil.

Porém, recentemente algumas notícias destacaram a mais atualizada pesquisa do IBGE, que aponta a região de Jacarepaguá como a mais populosa do Rio, com 653 mil habitantes, deixando Campo Grande em segundo lugar, com 600 mil habitantes,  e Bangu com 422 mil (Censo 2022).

A questão é que as citadas pesquisas contam a Região Administrativa (ou distritos/subdistritos), e não bairros. Assim, a região Administrativa de Jacarepaguá englobaria não somente o bairro de mesmo nome, mas outros como Freguesia, Anil, Curicica, Tanque, etc; com Campo Grande, a mesma situação, fazendo parte da Região Administrativa o bairro de Campo Grande,  mais os bairros de Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e Senador Vasconcelos. 

Já na questão "somente bairros", segundo matéria do Diário do Rio (1° de abril/2024), o bairro (não Região Administrativa) de Campo Grande aparece em primeiro com 367.160 habitantes,  seguido por Santa Cruz,  com 238.932 habitantes,  Bangu, com 216.549, e em quarto lugar, o bairro de Jacarepaguá,  com 214.674 habitantes. 

Assim, na questão "bairro", Campo Grande ainda é o mais populoso. 

https://diariodorio.com/rj-tem-9-dos-15-bairros-mais-populosos-do-brasil-veja-a-lista/

segunda-feira, 1 de abril de 2024

O dia da mentira

 

O dia 1° de abril é lembrado como o dia da mentira, sendo marcado por brincadeiras e pegadinhas,  com o objetivo de enganar outras pessoas.
Acredita-se que a data surgiu na França, no século XVI, tendo uma relação com uma mudança de calendário ocorrido no país, quando surgiu a possibilidade de se alterar o Ano-novo francês, que era celebrado em 25 de março, se estendendo até 1° de abril, passando a ser 1° de janeiro. 
Porém, alguns insistiam em comemorar a data antiga, sendo alvos de zombaria, os chamados "tolos de abril", inclusive eram convidados para uma suposta festa de Ano-novo em 1° de abril,  mas quando chegavam ao local, percebiam que nenhuma festa iria acontecer,  e que haviam sido enganados.
No Brasil acredita-se que esse costume surgiu ou se estabeceu em 1828, devido a um jornal, no dia 1° de abril,  ter noticiado uma falsa notícia sobre a morte de D.Pedro I, então imperador do Brasil.
É bom ressaltar que o famoso "1°de abril" é para enganar as pessoas em tom de brincadeiras, e não espalhar fake news que possam prejudicar alguém. 
E aí sim, falar aquela velha frase: " Enganei o bobo na casca do ovo. Quem caiu, caiu, caiu 1° de abril".

Fonte: Mundo Educação/UOL.

E você? Conhece alguma grande mentira que já envolveu o bairro de Campo Grande? Ou alguma história contada sobre o bairro ou no bairro que você acha que não é verdade?
Então, primeiro seja seguidor do Blog. Vá até o final da tela e clique em "Versão para Web ". Depois, vá até o final e clique em "seguir". Após isso, escreva nos comentários algum caso que você já ouviu sobre Campo Grande, que você considere como mentira! Os melhores "causos" concorrem a livros 📚. 
Vamos participar!

sábado, 30 de março de 2024

Breve histórico da chegada dos trens em Campo Grande e adjacências

 O transporte de trem no Rio de Janeiro surgiu com a inauguração da Estrada de Ferro D. Pedro II, em 29/03/1858, construída por iniciativa de Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá. O mesmo iniciou a construção sem garantia de juros ou subvenções, praticamente às custas de suas finanças e de dinheiro de seus amigos. Os primeiros 49 km iam até Queimados. Sucessivamente foram inauguradas as estações de São Cristóvão e Sapopemba, atual Deodoro. Mais tarde, com a proclamação da República, passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1957 é criada a Rede Ferroviária S.A.; e em 1998, surge o consórcio SuperVia - Concessionária de Transportes Ferroviários S.A.

No dia 02 de dezembro de 1878 é inaugurada a estação de trem de Campo Grande, no mesmo dia em que a estação de Santa Cruz também foi inaugurada. A de Santa Cruz permaneceu até 1910 como ponta de linha do ramal. Nesse mesmo ano foi aberto o trecho seguinte, até o município de Itaguaí,  que em 1914 foi prolongado até o município de Mangaratiba. 

Até a década de 1930, houve pouca modernização com relação aos trens. Estipulavam que, com a eletrificação dos trens, aumentaria a capacidade de mais passageiros por hora, além de mais conforto e segurança para os usuários. Somente em 1935 foi assinado o contrato de eletrificação das linhas , tendo início em 1936, com a energia elétrica fornecida pela Light & Power. A viagem experimental aconteceu em 21/12/1936, entre Madureira e São Cristóvão. Em 10/07/1937 ocorreu a entrada em operação dos trens elétricos,  da estação de D.Pedro II  até Madureira. O serviço se estendeu até Bangu e o município de Nova Iguaçu, em 1938.

Somente em 19/04/1944, a eletrificação chega ao trecho Bangu - Campo Grande, e em 10/11/1945, o trecho Campo Grande- Matadouro.

Abaixo, segundo o historiador Benedicto Freitas, o trem que provavelmente inaugurou as estações dos bairros de Campo Grande e Santa Cruz. 

Assim, o transporte ferroviário acabou impulsionando a transformação desta região tipicamente rural, facilitando o acesso a outros pontos da cidade.

Abaixo, uma lista com as datas de inauguração de estações e distâncias em relação à Estação 🚉 de D. Pedro II:

LOCAL.                  DISTÂNCIA.  DATA DE CRIAÇÃO 

Deodoro                 22.056 km      08.03.1858

Vila Militar            24,2 km           01.08.1910

Magalhães Bastos 25,1 km          1914

Realengo                 27,4 km          02.12.1878

Bangu                      31,8 km          01.05.1890

S. Camará                33,2 km          01.07.1923

Santíssimo              35,9 km          23.11.1890

S. Vasconcelos        39,0 km          07.11.1914

Campo Grande       41,6 km          02.12.1878

Inhoaíba  (ex-         45,3 km          01.10.1912

Trindade)

Paciência                 49,3 km           01.07.1897

Santa Cruz               54,8 km           1878

Matadouro               56,5 km           01.01.1884

Itaguaí                       75,7 km           04.11.1910

Coroa Grande          78,7 km           14.11.1911

Itacuruçá                  81,2 km           14.11.1911

Muriqui                    85,0 km            05.11.1914

P. Praia Grande       88,2 km            07.11.1914

Ibicuí                         95,2 km           23.08.1920

Eng° Junqueira        98,8 km           07.11.1914

Mangaratiba            103,2 km         07.11.1914

Fonte: Estações (Ferrovias do Brasil, IBGE, 1956). 

A eletrificação acabou não passando de Santa Cruz e Matadouro, com os trechos para Mangaratiba possuindo trens puxados por locomotivas 🚂 a vapor, e à partir de 1950, por diesel. Muitos apontam que esse fato foi fundamental para o fim do famoso "Macaquinho ", em 1983, apelido do trem que ia de Santa Cruz a Mangaratiba. 


Acima a primeira estação de trem de Campo Grande, construída após a criação do ramal para o curato de Santa Cruz. 

Fonte: (Jornal Zona Oeste, Edição Especial, n°857. 1992)

Fontes consultadas:

Rumo ao Campo Grande por trilhas e caminhos. José Nazareth de Souza Fróes e Odaléa Ranauro Enseñat Gelabert. Segunda edição  - 2005

A inusitada trajetória de uma igreja centenária  - Gilson do Carmo Batista. Primeira edição  - 2012.



sexta-feira, 29 de março de 2024

O povo cigano e o bairro de Campo Grande

 

Reprodução da pintura Acampamentos de ciganos perto de Arles, de Vicent Van Gogh, 1888.

 

Os ciganos são tradicionalmente nômades ou semi nômades,  habitando em acampamentos nas zonas rurais e urbanas. Nos dias de hoje, uma parte desse povo possui moradia fixa, geralmente em bairros mais periféricos.

Os ciganos chegaram à Europa há cerca de mil anos, oriundos da Índia. A maior parte pertence ao grupo Rom (Roma), tendo como língua o Romani.

A maior parte desse povo é frequentemente alvo de intolerância, discriminação e exclusão social. A maioria vive em más condições, sendo tratados com desprezo, com muitas crianças sequer frequentando a escola.

Países europeus como Romênia e Bulgária possuem um grande contingente de ciganos. Alguns países do Velho Continente se destacam em combater a discriminação contra os ciganos. Um exemplo é a Espanha, que desde a década de 1980 incentiva as crianças ciganas a frequentarem a escola com alunos não ciganos. Em muitos locais no território espanhol, a convivência entre ciganos e não ciganos é tranquila.

Com relação ao bairro de Campo Grande, segundo o artista Will Tom, morador e conhecedor da história da região, até a década de 1970, via-se acampamentos de ciganos chegando à então Zona Rural (de passagem), com números circenses (os Boyachas), apresentação de danças típicas, além daquilo que chama bastante atenção à cultura cigana: a quiromancia (ato de ler as mãos e predizer o futuro de uma pessoa).

Com base no ouro que possuíam, ainda segundo Will, a maioria dos ciganos trazia mantimentos e dinheiro. Outros ofereciam seus serviços de marcenaria, olaria e ferragem. Ficavam pelo bairro da Zona Oeste por uns dois ou três meses e depois seguiam suas vidas nômades.

Era comum surgirem boatos negativos sobre os ciganos, como culto ao demônio, de que eram ladrões ou aproveitadores, e até de rapto de crianças.

O fato é que o povo cigano considera a família sagrada e respeitada. Até hoje só permitem casamento entre ciganos. As mulheres casadas são obrigadas a usar o véu. Inclusive, essa cultura foi abordada na novela "Explode Coração", da TV Globo, exibida entre 1995 e 1996.

A religião do povo cigano depende de sua origem. Uma boa parte é católica, porém não são bem aceitos pela Igreja de Roma. Há também ciganos de outros segmentos religiosos. Além de alguns grupos cultuarem Santa Sarah.

No bairro de Campo Grande, era comum ver ciganos do clã Kalon, com dialeto próprio. Com o passar do tempo, junto ao desenvolvimento do bairro, os grupos ciganos pararam de seguir em caravanas, com alguns até deixando a vida nômade, fixando-se em casas, como os Kalderash.

* Boa parte do texto foi baseada em depoimento de Will Tom. Gratidão infinita!