quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

As "árvores gêmeas" do Rosário

    Localizadas na Avenida Cesário de Melo, em frente ao Colégio Nossa Senhora do Rosário, tradicional do bairro de Campo Grande, duas árvores centenárias da espécie ficus chamam a atenção e despertam curiosidades dos que passam pelo local. Alguns afirmam de se tratar de um caso de árvores gêmeas, interligadas por um tronco. Outros acham que são apenas duas árvores próximas umas das outras.
    Indagações à parte, o fato é que as árvores já estiveram no alvo de uma discussão de uma obra de construção do corredor de ônibus BRT. Havia uma ameaça do corte das árvores centenárias, por estarem no traçado da via.
    Porém, moradores do bairro mobilizaram-se com o intuito de impedir o corte das árvores, organizando um protesto em 15 de agosto de 2012 contra a retirada das chamadas "Gêmeas do Rosário", como ficaram conhecidas. Alguns moradores mais antigos afirmam que antes mesmo da construção do Colégio elas já estavam lá.
    Assim, foi feito um abaixo-assinado encaminhado para a Subprefeitura,e, devido à força da população local, as árvores siamesas continuam fazendo parte da história viva do bairro.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

As andanças de Melhoral

 FOTO: Acervo: Chopp da Villa

    Entre tantas curiosidades sobre o bairro de Campo Grande, destaca-se a figura de Melhoral, um andejo que ficou muito conhecido na região. Segundo Ernesto Domingos Pires, "Melhoral não era um morador de rua, e sim um pedinte, que inclusive residia em uma casa.".
Antônio dos Santos Paiva, o Melhoral, filho de João dos Santos e Adelaide Ferreira Borges (nome de uma rua de Campo Grande), foi primo em segundo grau de um político, segundo alguns relatos. Nasceu no Rio da Prata, em 1921, no bairro de Campo Grande, e segundo informações, estudou na escola Municipal Venezuela, no centro de Campo Grande. 

    O mais famoso dos andarilhos de Campo Grande passava os dias pedindo moedas. O curioso é que, se alguém desse uma nota de valor mais alto, não aceitava. Só moedas. Querido por boa parte dos moradores do bairro, geralmente galanteava as moças, com um "pedido" de casamento. Também fazia pequenos biscates para os comerciantes locais, como por exemplo, anunciando novas lojas. 



    Além disso, segundo ainda moradores do bairro, quando chamavam "Melhoral!", ele respondia: "Já morreu!. Outros contam que de vez em quando ele "atuava" como se fosse um guarda de trânsito.
    Mesmo causando certo receio em alguns moradores, Melhoral era visto pela maioria da população como uma pessoa muito querida, sendo visto inclusive, em uma certa ocasião, sentado na primeira fila da Igreja Nossa Senhora do Desterro, ao lado do professor Moacyr Bastos, figura de grande destaque e relevância do bairro.
Melhoral também foi tema de livro, "Na terra do Melhoral ", de Odir Ramos da Costa, no qual o autor descreve uma curiosa história a respeito:
" Lá, com sua idade indefinida e a cara invadida por milhares de cravos pretos, ele aprimora o catolicismo, corrige o Sinal da Cruz. No gesto que o mundo cristão consagrou como definitivo através dos séculos, Melhoral descobriu lamentável falha, consertou-a... Todo mundo repete: Em nome do Pai (ou Padre, depende da espécie da fé), e leva o polegar direito à testa; do Filho, ao peito; do Espírito Santo, à esquerda; Amém, à direita... Pois bem. Melhoral, ao contrário dos que, encerrando a sinalização, beijam o dedo... acabando o benzinento, Melhoral oferece, endereça, estrojeta... revelando bondade e grande intimidade com o Pai, ele executa o sinal, coloca a mão debaixo da boca e dá um assoprozinho delicado no Sinal, remetendo-o no rumo de Deus e ainda ajuda com ligeiro impulso com a mão pro Sinal subir na trajetória certa..."



E assim, entre outras histórias, foi Melhoral, um dos grandes personagens do bairro de Campo Grande. 

Fontes e imagem do jornal: Damazio. 
Na terra do Melhoral, Odir Ramos da Costa.  Segunda edição ampliada. 2013. Edital. Rio de Janeiro.