Os pássaros proporcionam cantos que encantam uma boa parte das pessoas. Quem nunca parou para apreciar ou prestar atenção na comunicação dos bem-te-vis? Ou a algazarra que pardais e outros pássaros fazem reunidos numa árvore?
Devido às belas melodias, muitos são postos em gaiolas ou viveiros para seus donos apreciarem seus cantos durante boa parte do dia. E por isso, muitos pássaros são comercializados a altos preços.
Nunca tive um pássaro de estimação, mas sou agraciado por receber uma sinfonia todo dia de manhã no pé de acerola de meu quintal. Acho muito gostoso acordar com a cantoria dos pássaros. É um privilégio poder presenciar esse verdadeiro espetáculo da natureza. Detalhe: de graça!
Há um tempo fotografei o que parecia ser um casal de Bico de Lacre, parados no meu pé de acerola. Nesse caso, o que chamou a atenção não foi o canto, mas a pose dos mesmos.
Isso se estende para a praça em frente à minha casa, a qual alguns moradores, inclusive eu, tentam resguardá-la das intempéries da evolução e do progresso, plantando árvores e conservando a natureza existente, propiciando assim a visita de pássaros e até de corujas, estas mudando de um gol ao outro, toda vez que alguém se aproxima, reforçando aquela famosa frase do futebol "A bola foi onde a coruja dorme", ou seja, na junção da trave com o travessão. E o mais interessante é que onde moro, sub bairro Salim, em Campo Grande, as ruas próximas à minha casa têm nome de pássaros: Rua Águia, Rua Cotovia, Rua Falcão e a minha rua, Ave Maria. Ave Maria? Nesse caso seria um pássaro ou uma oração católica? Aí é outra história.
Abaixo, um flagrante de um pássaro da cor da vegetação na praça.
Fora de minha casa e de minha localidade, também percebo e contemplo as belas melodias compostas por esses divinos seres. Já notei isso caminhando pela Avenida Cesário de Melo, numa árvore na calçada de uma agência bancária, em frente ao Hospital Rocha Faria. Sempre no final da tarde, de longe percebe-se uma "conversa" animada da passarinhada, numa histeria que dura um bom tempo.
Em outras caminhadas, também contemplo essa manifestação "passarinheira" quando atravesso o viaduto Alim Pedro, a pé, para fugir do caótico trânsito ali presente. No decorrer do percurso, é possível presenciar algumas árvores cujas copas chegam a altura do viaduto. Ali, todo fim de tarde em que passo pelo local, também admiro a cantoria e a agitação desses seres voadores. Isso torna-se mais espetacular porque é a imagem da resistência, pois em pleno centro de Campo Grande, com excesso de asfalto, automóveis, prédios, poluição e o andar apressado das pessoas, ainda poder presenciar esse tipo de manifestação da natureza.
Abaixo, uma imagem das árvores que encostam no viaduto e abrigam os pássaros.
Segundo o misticismo judeu, existe a Câmara de Guf, chamada também de Otzar (salão das almas, localizado no sétimo céu). Ali, é guardada cada alma humana. O "folclore" afirma que os pardais podem ver as almas descendo do Guf. Será que isso explica o alegre cantar desses animados seres? E se for, isso deve acontecer à tarde, pois é nesse período que os pardais mais se encontram nas árvores fazendo aquela algazarra, possivelmente cantando a poesia dos espíritos.
É, vamos aproveitar esse espetáculo da natureza enquanto é tempo, pois com o avanço desenfreado do progresso em Campo Grande, as árvores estão desaparecendo, e consequentemente levando junto o belo cantar e conversar dos pássaros, além do frescor, das belas paisagens etc...
"Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!"
Poeminho do Contra, Mário Quintana.
*A parte dos pardais foi inspirada no livro "Alma de poeta", de Carlos Santos.
De uma sensibilidade perfeita! Parabéns aos pássaros e ao escritor poeta!
ResponderExcluirMuito obrigado, meu amigo. E principalmente pelo "escritor poeta". Grande abraço.
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