segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Um Campo Grande ainda ao longe

    Campo Grande, bairro mais populoso do Rio de Janeiro, já foi conhecido como área agrícola, Zona Rural, parte do então Sertão Carioca. O bairro já abrigou engenhos de açúcar, grandes produções de laranjas, alguns outros produtos e, segundo alguns historiadores, a região também foi gênese do famoso ciclo do café no Brasil, iniciado, segundo os mesmos, no Mendanha.
    Porém, principalmente a partir de meados do século XX, a região começou a mudar, de forma relevante, suas paisagem e dinâmica. De área tipicamente rural, o bairro da Zona Oeste transformou-se em área urbana (ou suburbana) em expansão, após o crescimento do comércio e dos serviços, e a chegada das indústrias. Atualmente, o que predominam no bairro são os prédios, construções, lojas, trânsito, ou seja, características que não remetem mais ao rural.
    Entretanto, em alguns pontos do bairro ainda é possível presenciar importantes bolsões agrícolas, como as regiões do Rio da Prata, do Mendanha e da Serrinha. Nesta última localidade, próxima ao Mendanha, e ao mesmo tempo perto da Avenida Brasil, parece que o tempo parou. A paisagem, em sua maior parte, lembra o passado agrícola do bairro, com vastas plantações e vegetação presentes. Algumas residências ainda têm como características terrenos extensos, abrigando mais de uma casa, praticamente sem (ou com fina) cerca, separando a vizinhança, com plantações e árvores variadas presentes e espalhadas pelo grande quintal.
    Pouco se vê condução, e ao mesmo tempo percebe-se alguns hábitos de certos moradores, remetendo a tempos passados, como a forma de falar e tratar as pessoas. E é claro que, como característica de "interior", não pode faltar uma igreja católica. Nesse caso, encontra-se a Igreja Nossa Senhora da Paz. Nota-se também no costume das pessoas em referir-se ao centro do bairro como "Vou ali em Campo Grande", como se só o centro representa-se o bairro. Na verdade, isso se estende para o centro do município do Rio, quando as pessoas mais afastadas, incluindo quem mora em Campo Grande, ainda dizem: "Vou lá na cidade resolver um problema", como se Campo Grande não pertencesse ao Rio de Janeiro. São como resquícios da época de Zona Rural.
    Assim, conclui-se que algumas partes de Campo Grande ainda são "ilhas", "a milhas e milhas de qualquer lugar", e estando ainda "longe demais das capitais".

    Abaixo, imagens da Serrinha, tiradas de dentro de uma residência do local
   


Fotos. Créditos: Carlos Eduardo de Souza.

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